quinta-feira, 21 de abril de 2016

Prefeitura do Rio classificou como "imperdoável" o desabamento da ciclovia na Avenida Niemeyer. Fonte G1


‘Imperdoável’, diz Prefeitura do Rio sobre desabamento de ciclovia

Paes, que está voltando de Atenas para o Rio, emitiu nota.
'É claro que há a suspeição se a ciclovia é segura', disse Pedro Paulo.

Do G1 Rio
A Prefeitura do Rio classificou como "imperdoável" o desabamento da ciclovia na Avenida Niemeyer, em São Conrado, Zona Sul do Rio, nesta quinta-feira (21).
Da Atenas, na Grécia, onde participaria de cerimônia da tocha Olímpica, o prefeito Eduardo Paes emitiu nota, em que usa o mesmo adjetivo que o secretário municipal de coordenação do Governo do Rio, Pedro Paulo Carvalho, havia declarado em entrevista para classificar o acidente que deixou pelo menos dois mortos.
"É imperdoável o que aconteceu, já determinei a apuração imediata dos fatos e estou voltando para o Brasil para acompanhar de perto", disse o prefeito, que saiu à noite do Rio (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
O secretário disse que é cedo para apontar as falhas: "Muito precipitado nós fazermos qualquer tipo de acusação sem ter ainda o laudo dos engenheiros, mas é claro que um acidente como esse é imperdoável".
De acordo com Pedro Paulo, todos os engenheiros da Geo-Rio, da Secretaria Municipal de Obras e da empresa responsável, Concremat, estão sendo convocados.
"A prefeitura não terá limites para que nós cheguemos aos responsáveis", disse. "No momento é claro que há a suspeição se a ciclovia é segura ou não (...) A princípio, não há risco de novos desabamentos. A gente pede paciência dos moradores que moram nos acessos e pedimos que eles não venham para a ciclovia neste momento.”
Pelo menos 2 mortos
Um trecho de 50 metros da ciclovia Tim Maia desabou pela manhã, pouco mais de três meses após sua inauguração. Segundo os bombeiros, duas pessoas morreram no local após cair no mar. Há, no entanto, relatos de possíveis outras vítimas.

“Ainda há suspeitas de uma pessoa no mar. Ainda não há confirmação, mas o Corpo de Bombeiros trabalha com a possibilidade de mais uma vítima. Nós não vamos trabalhar com especulação”, disse Pedro Paulo.
Os mortos são dois homens, que têm entre 40 e 50 anos. Um deles foi identificado pelo cunhado, João Ricardo Tinoco, como Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos. O cunhado disse que a mulher dele, Eliane, pediu para ele ir à praia de São Conrado porque sentiu aperto no coração ao ouvir a noticia da queda. Eduardo gostava muito da Niemeyer e achava bonito o local, segundo o parente.
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Arte do desabamento da ciclovia na Avenida Niemeyer (Foto: Editoria de Arte/G1)
Segundo frequentadores e motoristas que passavam por lá, a ciclovia foi atingida por uma forte onda que, além de destruir o local, também quebrou o parabrisa de um ônibus e teria arrastado uma mulher no calçadão. O local fica perto da saída da tubulação de esgoto.
A ciclovia da Niemeyer tem 3,9 quilômetros e vista para o mar. Ela chegou a receber críticas de arquitetos por encobrir a vista do mar para os motoristas que trafegam pela avenida. Além disso, em vários trechos ela não tem calçada.
Corpos resgatados na praia de São Conrado (Foto: Kathia Mello/G1)Corpos resgatados na praia de São Conrado (Foto: Kathia Mello/G1)
Cunhado de uma das vítimas do desabamento da ciclovia niemeyer (Foto: Kathia Mello/G1)Cunhado de uma das vítimas do desabamento da ciclovia niemeyer (Foto: Kathia Mello/G1)
Damião Pinheiro de Araújo, de 60 Anos, passava pelo local de bicicleta na hora em que as ondas atingiram a ciclovia.


"As pessoas pararam na ciclovia, acharam bonito e ficaram tirando fotos das ondas. Eram enormes. Veio uma maior ainda, a ciclovia levantou e caiu um pedaço. Vi as pessoas caindo. É triste. Toda vez que o mar subir vai ter que interditar a ciclovia, faz parte da natureza. Para mim ela foi mal planejada", disse Damião.

O administrador Guilherme Miranda passava pelo local no momento do acidente.
"Eu quase morri. Já chegou a imprensa inteira. Cadê o prefeito, cadê o engenheiro que fez essa obra? É desesperador você ver as pessoas morrendo na sua frente. Alguém tem que dar uma resposta disso, foram R$ 45 milhões. Acabaram de inaugurar e já está rachada em vários pontos, passo aqui todos os dias para ir e voltar do trabalho", disse Guilherme.
Ele relata ainda ter visto três corpos boiando. Miranda criticou ainda o ato de a ciclovia ser afastada da pista, o que deixa o ciclista sujeito a assaltos.
Um outro homem que também passou pelo local pouco antes do acidente relatou que a onda era muito forte. “A onda batia na pedra e subia, varria a Niemeyer e a ciclovia. Era tão forte que não dava pra passar. Eu tive que esperar no meu caminho de ida e volta”, contou Roberto Meliga.
Ciclovia cai em São Conrado (Foto: Eric Poseidon/Salvemos São Conrado)Ciclovia cai em São Conrado (Foto: Eric Poseidon/Salvemos São Conrado)
Acho que foi uma falha de projeto', diz engenheiro do CREA-RJ
O engenheiro civil e conselheiro do CREA-RJ, Antônio Eulálio, declarou à GloboNews que acredita que houve "uma falha de projeto" da ciclovia da Avenida Niemeyer, em São Conrado, Zona Sul do Rio, que desabou na manhã deste sábado.

“O problema é que não foi previsto no projeto essa força excepcional porque a onda levantou a ponte. Acho que foi uma falha de projeto. Só tem uma viga central praticamente, então, não tem resistência para o momento. São dois apoios, ele não conseguiu suportar esse esforço de rotação, devido a onda que bateu. Foi falha de concepção do projeto”, afirmou o engenheiro civil e conselheiro do CREA-RJ. "Não foi previsto no projeto, deveria ter sido".
Ele acrescentou que “os autores do projeto vão ser chamados para terem direito à defesa” para que sejam aplicadas as medidas cabíveis. E acrescentou ainda que pode ocorrer a “até a cassação do registro”.
O Consórcio Contemat-Concrejato informa que uma equipe técnica da empresa já se encontra no local, trabalhando em coordenação com a Secretaria Municipal de Obras. As prioridades neste momento são garantir o atendimento às vítimas e seus familiares e avaliar as causas do acidente.
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Helicóptero dos bombeiros fazem buscas por vítimas de desabamento de ciclovia (Foto: Maíra Coelho / Estadão Conteúdo)Helicóptero dos bombeiros fazem buscas por vítimas de desabamento de ciclovia (Foto: Maíra Coelho / Estadão Conteúdo)
A Avenida Niemeyer foi interditada nos dois sentidos por volta das 11h50, segundo o Centro de Operações da Prefeitura e não há previsão para liberação do tráfego. Os motoristas devem seguir pela Autoestrada Lagoa-Barra.
Complexo Tim Maia
O trajeto total, do Leblon à Barra, terá sete quilômetros de extensão, mas ainda não tem data exata para ser inaugurado. Com construção iniciada em junho de 2014, a ciclovia teve custo de R$ 44,7 milhões.

Grande parte da ciclovia — nos bairros do Leblon e São Conrado — já existiam e foram incluídas no complexo cicloviário que ganhou o nome de Tim Maia porque, no projeto original, vai ligar o Rio "Do Leme ao Pontal", exatamente como na canção imortalizada por ele.
No início do ano, cariocas e turistas já dividiam o espaço com os operários. Em nota na ocasião, a prefeitura do Rio informou que o uso da pista durante as obras não era proibido, mas sim indevido.
Trecho da ciclovia liga os bairros de São Conrado e Leblon e tem 3,9 km de extensão. (Foto: Reprodução / Globo News)Trecho da ciclovia liga os bairros de São Conrado e Leblon e tem 3,9 km de extensão. (Foto: Reprodução / Globo News)
Ciclovia da Av. Niemeyer foi inaugurada no dia 17 de janeiro. (Foto: Reprodução / Globo news)Ciclovia da Av. Niemeyer foi inaugurada no dia 17 de janeiro. (Foto: Reprodução / Globo news)
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Ciclovia que desabou em São Conrado ficou interditado (Foto: Ricardo Abreu / GloboNews)Ciclovia que desabou em São Conrado ficou interditada (Foto: Ricardo Abreu / GloboNews)
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Ciclovia da Niemeyer é inaugurada (Foto: Matheus Rodrigues/G1 Rio)Ciclovia da Niemeyer foi inaugurada em janeiro (Foto: Matheus Rodrigues/G1 Rio)
Ciclovia da Avenida Niemeyer, em São Conrado (Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo)Ciclovia da Avenida Niemeyer, em São Conrado, antes do acidente (Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo)
Leia a íntegra da nota da Prefeitura do Rio:
"O prefeito Eduardo Paes lamenta profundamente o acidente na Ciclovia da Niemeyer e se solidariza com as famílias das vítimas e com todos os cariocas neste momento. O prefeito estava em deslocamento para a Grécia - onde participaria, em Atenas, da cerimônia de passagem da tocha olímpica - e já está voltando para o Brasil. Paes atenderá a imprensa amanhã, assim que chegar ao Brasil, o que não tem horário previsto.

- É imperdoável o que aconteceu, já determinei a apuração imediata dos fatos e estou voltando para o Brasil para acompanhar de perto - disse o prefeito, que saiu ontem à noite do Rio.
A Prefeitura do Rio esclarece que a prioridade neste momento é garantir a segurança da população e o atendimento às vítimas e aos seus familiares. Técnicos do município estão desde cedo no local, trabalhando com coordenação da Secretaria Municipal de Obras. O resultado da vistoria realizada pela Fundação  Geo-Rio para apurar as causas do acidente será divulgado assim que concluído. Os reparos serão executados pela empresa responsável pela construção, sem ônus adicionais ao município, já que a ciclovia ainda está na garantia de obra. A Avenida Niemeyer permanece interditada ao tráfego e o Corpo de Bombeiros continua as buscas no local."

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